O vinho deixa um gosto de madeira em minha boca. Seco.
O que estou esperando aqui? Tempo perdido não dá para recuperar. Não há necessidade de falar nada, apenas esperar o calor passar e eu não quero mais voltar.
Deixo os fantasmas assombrarem meus dias. Andando ontem, debaixo do sol desta cidade infernal, vi minha mãe em meio à multidão. Assombrado por minha culpa, sinto meu peito arfar e o ar faltar de forma mais frequente agora.
Olho para o relógio e a madrugada está apenas começando, madrugadas silenciosas, onde até o som de minha voz faz falta.
Estou acostumando-me com o silêncio das madrugadas, sinto perder à cada dia a necessidade de conviver. Acordado até o amanhecer, cigarros mantendo-me acordado, o apartamento ecoa silêncio.
Outro gole de vinho, o que mantemos desta vida? Olha para as cicatrizes em meus pulsos, elas significam algo ainda?
Gostaria de encontrar Marie, compartilhar pequenos pedaços de mundos, relembrar o quão agradável é o compartilhar de risadas, mas hoje isso não passa de uma piada amarga. Retalho meus dias em pequenas obrigações que nada satisfazem, que apenas deixam-me seco. Marie se foi, como tudo. Eu a deixei ir, eu a mandei ir. Se a encontrar hoje, já não sei sequer se sou capaz de dar-lhe um oi.
Minto para mim mesmo dizendo que sou mais feliz estando sozinho. Minto? Ou será essa a mais pura verdade?
Há momentos, ultimamente são muitos, em que realmente isso é verdade, trabalho meu corpo, mente e alma para acostumar-me com o estar só. A cada dia, o esforço vai se naturalizando. Temerei o dia em que isso for concreto? Temerei o dia em que não mais sentirei sua falta?
Olhe e contemple, este é o caminho que traço, um andarilho de coração em uma estrada solitária.
domingo, 1 de março de 2009
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